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... quantas barreiras que me pareciam intransponíveis precisei atravessar para chegar até ele... Quantas surpresas ao encontrá-lo. Eu o julgava frágil e necessitado de proteção, então, perguntei-lhe o que precisaria ser feito para que ele fosse o mais feliz de todos os corações e, estupefata, ouvi a mais inesperada das respostas:
“Desde há muito tempo fazes coisas para não me deixar sofrer, mas nunca vieste me perguntar o que seria necessário para me deixar feliz. Estou cansado de tanta proteção. Estes altos muros que construíste para impedir que o sofrimento chegasse até mim nada mais eram que proteções para ti mesmo. Sim, Ego, tu que sofres porque não queres ser passado para trás, porque aprendeste e assumiste com as pessoas deste mundo tantas inverdades, tantos conceitos infundados, tantas besteiras... Fizeste íntima amizade com o Orgulho; somente a ele ouves e a mais ninguém. Para safar-te do inconveniente de seres contrariado, ergues muros e mais muros em nome da minha proteção. Não sei a quem desejas enganar, nem sei se enganas a ti próprio, mas o que tenho a te dizer é que não preciso de nada disso, minha função nesta vida é somente amar. Eu vivo de amor e até disso tentas me privar. Queres escolher por quem devo ou não me apaixonar, como se isso possível fosse. Desde que destes as mãos ao Orgulho, tiras-me o direito de amar sem ser amado. E quem disse que preciso ser amado? Eu tenho amor suficiente para nós e para distribuir a quem eu bem entender. Infelizmente preciso de ti para dar vazão a ele, mas o que fazes? Prendes-me numa redoma como se eu fosse um inválido! Sinto-me tão sufocado, não há quase espaço para viver. E depois reclamas que não te sentes bem... Sentes aperto no peito e ainda achas que sou eu quem não está funcionando... Ora, faça-me o favor! Queres me ver bem? Então liberta-me! Se eu quiser amar a quem não lhe dá a mínima importância, deixa-me! Se estás esperando retorno, dana-te! Experimenta deixar teu amigo Orgulho de lado e volta-te para mim, quem verdadeiramente te dá a vida. Aprenda que o importante é amar. Ser amado é apenas um detalhe (detalhe muito bom, reconheço, mas não essencial à vida). Se queres me ver feliz, suplico-te: abandona o orgulho e deixa-me amar a quem eu bem entender. Ah, e eu não preciso da presença de ninguém a não ser da tua... Eu preciso somente ter liberdade para escolher a quem amar porque sei quem é melhor para nós, mesmo que não haja retornos, mesmo que haja distância, mesmo que não haja esperança... Entendeste?”
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Estou aqui ruminando o que acabei de ouvir...
Sueli Benko
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